Veículos de Apoio do Bigbiker – Último competidor da Categoria Pró revela...

Poucos ciclistas sabem como funcionam as estratégias de apoio ao competidor, pois a maioria participa em condições adequadas aos desafios naturais de uma competição de Mountain Bike.

Pois bem, neste fim de semana, no sábado, deu-se a última etapa do Bigbiker, em São Luis de Paraitinga. Lá pelo quilômetro 70, um competidor solitário testemunhou como atuam os veículos de apoio dessa competição, que já se tornou evento obrigatório para qualquer ciclista que se preze.

Um biker estava disputando em dupla, mas sua média horária era tão baixa, que nem seu companheiro aquentou tamanha lentidão e sumiu de vista. Estão nosso solitário ciclista observa que, um jipe de apoio, uma ambulância e um caminhão “vassoura” acompanhavam-no naquela lenta, porém persistente pedalada.

Exausto, ele pratica um “empurra bike” maneiro. Na altura do Morro do Chapéu Grande, ele fica intrigado, pois toda vez que ele dava uma paradinha para tomar um fôlego, o cortejo também parava. Os veículos desligavam os motores e aguardavam, numa respeitosa distância do cansado ciclista. Numa dessas aproximações, o motorista da ambulância, solícito, toma a iniciativa de uma conversinha:

− Tudo bem? Você precisa de alguma coisa? Água? Calorão hein. Mais aliviado ciclista responde:

− O senhor, por acaso, tem uma cervejinha aí? Sabe como é, tem carboidratos, ajuda a refrescar e repor energias.

− Isso não temos não. Amanhã tentaremos atendê-lo, tá bom?

Continuou lentamente pedalando. Aliviado viu o caminhão “vassoura” desistir da perseguição na altura do quilometro 95, porque se inicia uma trilha onde o “bandido” não podia passar. Ato seguido, lá vinha o Jipe em seu encalço.

− Boa tarde, falta pouco. Você vai conseguir chegar. Nós aqui estamos torcendo. Se você quiser, temos água e barrinha de cereal para enganar a fome. Vai uma?

− Brigadão camarada, más eu queria mesmo era uma cerveja. Pedalo só para poder tomar umas brejas, sem complexo de culpa. Valeu.

Terminando um belíssimo trecho de eucaliptos, outra ambulância estrategicamente postada, esperava nosso retardatário.

− Parabéns amigão. Só mais uns quilômetros e você vencerá mais um desafio. Quer água? Sedento o ciclista nem respondeu. Acenou e seguiu em frente.

Logo atrás, o enfermeiro aos berros incentivava:

− Cerveja, cerveja! Bem geladinha, daqui a três quilômetros!

Na chegada, um senhor de bigode, apressadamente foi o primeiro a recepcioná-lo.

− Muito bem, você escapou do vassourão. Lá do caminhão, estava certo de que não aquentaria chegar até aqui. Puxa que determinação!

− Obrigado cara. Agora, vamos tomar uma cerveja, meu!

Revelações à parte, nosso ciclista pôde sentir na pele, menos na garganta, o quão importante e profissional é a equipe de apoio dos organizadores. Na verdade em nenhum momento, esses profissionais o intimidaram. Foram sim, seus vitais companheiros na busca de uma vitória: chegar feliz. Aos quais ele agradece de coração, parabenizando-os pelas palavras de incentivo. Porém, faltou a cerveja. E que venha bem gelada!

 

Por : Arnaldo Mirandola de Farias - donarnaldof@click21.com.br

 

Professor universitário de Língua Espanhola, mas na verdade,

Ciclista e Competidor ( Entusiasta de Fé ).

Viajou de bicicleta pela Patagônia Argentina e adora participar

de todas ciclo viagens em que é convidado.

Curte competições de MTB de longa duração.