A primeira final do BigBiker a gente nunca esquece

Meses após estrear sua primeira maratona, o Professor Arnaldo, conhecido competidor da modalidade, principalmente pela sua disposição em relatar essas participações em fotos, textos e atualmente em vídeos, conta como foi sua primeira e épica final do BigBiker de 2004, desejo acalentado por meses de estratégias, além do sonho em subir a um dos pódios mais desejados por qualquer biker, que consiga a proeza de vencer 100 km e milhares de metros de ascensão.

Tudo aconteceu meio sem querer, pois como o CAB (Clube dos Amigos da Bike), que na época além de realizar passeios e pequenas viagens a bordo CAB-MÓVEL, um busão preparado para levar ciclistas e suas amadas bikes, levaria a turma, da qual o professor já fazia parte, para competir em dois dias de prova na pacata cidade de São Luís do Paraitinga.

Esse final feliz, não começou bem, pois sem ter boas informações sobre equipamentos adequados para a adequada prática do mountain bike maratona, havia comprado uma bike de 19 quilos, ideal para Free-rider. Assim, na etapa inicial daquele ano, em Santo Antônio do Pinhal, o intrépido competidor, partiu para encarar mais de 100 km na Categoria Pró, ainda por cima, levando uma mochila de 20 litros com três lanches e 4 garrafas de isotônicos.

Na largada, já empurrei por diversos quilômetros – relembra entre gargalhadas o Professor Arnaldo, que após incríveis 9 horas, 54 minutos e 57 segundos, (uma eternidade), chegou ao anoitecer, fugindo do Caminhão Vassoura, como do diabo foge da cruz, na 6ª colocação, descobrindo anos depois, que não havia sido o último, deixando para trás uma dezena de ciclistas, que como ele, ainda estavam despreparados para um desafio de grandes proporções como o Bigbiker na categoria Pró.

Meses depois, chegaria na 8ª colocação em Taubaté, também a frente de outra dezena de ciclistas em busca de uma melhor condição física.

A primeira final do Bigbiker a gente nunca esquece

Com os tempos da Categoria Pro Veterano na mão, o Professor Arnaldo, deu-se conta de que com um pouco de sorte e muito, mas muito esforço mesmo,  caso chega-se na 5ª colocação na somatória dos tempos nos dois dias de competição naqueles 11 e 12 setembro de 2004 em São Luís do Paraitinga, figuraria na história do BigBiker na mesma 5ª colocação na temporada do ano.

Assim, começou a treinar um pouco mais, apesar das incontáveis aulas que dava, isso para pagar os altos investimentos que fazia em equipamentos e acessórios, no que pese seus resultados nas outras competições que se seguiam, serem modestos, costumava chegar em algumas delas na última posição na geral, apesar de nunca ter abandonado praticamente até os dias de hoje, nenhuma disputa.

– Lembro bem, que os dois dias de competição davam-me calafrios, pois com um dia, e 100 km percorridos, eu já chegaria extenuado, imaginava que no domingo, segundo dia de prova, seria um calvário – , relata o Professor, ostentando sua medalha, encostada no peito.

Sábado, 100 km e uma esperança.

Se a esperança é a última que morre, surgiu um fator complicador nesse sonho naquele ano: Francisco Horta Neto, era o nome do sétimo concorrente; mais um dos que poderiam enevoar seu sonho, mais um duro obstáculo a transpor.

Então, desde a largada naquele sábado de tempo bom, os dois atletas veteranos foram trocando posições, mas um furo de pneu do seu oponente, selou o destino de cada um para sempre. Como era uma das primeiras provas de MTB do Francisco na modalidade, este demorou mais de meia hora para trocar a câmara. E pior, teve que refazer a troca, por ter danificado a primeira, perdendo assim preciosos 45 minutos.

No final daquele sábado, não deu outra: O Professor Arnaldo, acabou chegando três quartos de hora a frente daquele que viria a ser um dos grandes ídolos, já que o Francisco Horta, hoje figura entre os melhores bikers da categoria, ao lado de Jarbas Cardelli, uma referência para qualquer atleta de elite.

Domingo: a Hora do juízo final

– Assim, naquele domingo pedalei o mais rápido que pude, cuidando-me para não cair nem danificar a bike, pois o pódio parecia mais perto do que nunca. – acrescenta o Professor com lágrimas nos olhos.

Foram outras três horas de pedaladas sôfregas até a chegada de novo na histórica cidade de São Luís do Paraitinga e uma espera angustiante de horas até a publicação da listagem com a somatória dos dois dias de competição, que acabaram por dar ao Professor Arnaldo, uma das maiores alegrias da sua longa trajetória neste esporte, fruto de sonhos acalantados e persistência sem limites.

Portanto, depois das dores que sofreram a população de São Luís do Paraitinga e os milhares de competidores que por lá vivenciaram grandes emoções, o BibBiker volta ao seu reduto de sonhos como a do Professor Arnaldo, que para homenagear a si mesmo e a todos os ciclistas, pedalará com seu medalhão de 5º colocado, nem se seja para dar sorte a todos os competidores.

Quem for verá a festa, que certamente acontecerá nesse tão ansiado 15 de maio, em São Luís do Paraitinga.